O governo vai fazer você de otário mais uma vez


Deixar seu dinheiro sob a guarda do governo nunca vai ser bom. Este artigo fala sobre o assunto e exemplifica de maneira bem didática o prejuízo que todo trabalhador tem ao passar a vida pagando FGTS e INSS ao Estado (sim, meu amigo que acha que isso é responsabilidade do empregador ou que aquele dinheirinho sacado no fim da carreira se trata de um benefício, é você que paga!). Nos últimos anos, com o arroxo nas contas públicas, os governos Dilma e Temer deram partida num processo de reformas que, se por um lado pode aliviar as finanças estatais, por outro podem tornar ainda maior o prejuízo de quem tem reservas administradas pelo aparelho estatal.
Antes de tudo, preciso dizer o que penso sobre o assunto: compreendo a importância de existir um sistema estatal de reservas financeiras como o FGTS e a Previdência. Principalmente num país sem educação financeira como o nosso. Se não houver um mecanismo que obrigue a população a poupar, o cenário mais provável para o futuro é de completo caos, com uma massa de idosos na miséria e desempregados passando fome. Mas é claro que tudo que políticos tocam vira bosta.
Na minha miragem de mundo ideal, cada um faz sua poupança, define como investir e assumir a responsabilidade e os riscos pelas decisões tomadas. Confesso que me sentia muito otário e impotente quando trabalhava de carteira assinada, porque tinha certeza de que o dinheiro que eu e meu empregador depositávamos todos os meses na conta do Estado me seria devolvido num volume muito menor do que se eu investisse em outro lugar.

Sim, mas vamos ao assunto deste artigo, né?

O jornal Valor Econômico publicou nesta sexta (23) uma matéria da Agência Globo que dá conta de uma nova medida em estudo pelo governo federal para tornar essa relação dos trabalhadores com o Estado ainda mais danosa para quem trabalha. A ideia é que, quando for demitido, você não receba nem seu FGTS nem a multa de 40% que hoje é paga pelo empregador (esse último ponto merece uma discussão à parte, que fica para outro artigo). O Estado parcelará esse pagamento e você deverá receber, no primeiro mês após a demissão, apenas uma parcela proporcional ao salário que você recebia antes de ser demitido. E permanecerá assim por pelo menos três meses. Se conseguir emprego nesse período, poderá receber o restante de uma vez (e não terá precisado ativar o seguro-desemprego). Caso não consiga, ainda é uma incógnita: continuará recebendo seu dinheiro de forma parcelada? Receberá tudo e poderá ativar o seguro-desemprego?
Até compreendo os objetivos do governo: diminuir os gastos com seguro-desemprego. Mas, meus caros, aquele FGTS que está depositado ali, rendendo abaixo da inflação, é um dinheiro que tem dono. Como se já não bastasse você ter que deixar a grana na mão do governo enquanto trabalha, não poder retirar tudo que lhe pertence ao ser demitido é um absurdo. É o cúmulo do Estado metido a pai. E um pai daqueles que querem viver no lugar do filho.
Se você quer largar o emprego para empreender e conta com a grana do FGTS para investir no seu negócio, esqueça ou espere pelo menos três meses.
Se você quer largar o emprego e simplesmente torrar seu FGTS em festas e viagens, como bem entender, também vai ter que esperar.
Com dinheiro na mão do Estado você não pode fazer planos.
Por Ramón Hernandez Santillana

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